Pensando que está vivendo o melhor momento de sua vida por herdar a empresa do pai, estar noiva do homem que ama e ter descoberto uma gravidez muito desejada, Ava Smith vê seu mundo desmoronar ao descobrir um segredo sombrio do seu noivo. Esse segredo não apenas abala seu mundo perfeito, mas também coloca sua vida em risco. À beira da morte e sem saída, o destino intervém, colocando-a nas mãos de Hector Moreau, um empresário frio, calculista e ambicioso. Conforme convive com Hector, Ava começa a desenvolver sentimentos por ele, mas também percebe que está envolvida em um plano audacioso. Diante de todas essas revelações, Ava entende que precisa fugir, antes que se veja presa a Hector para sempre…
Leer más— Não acredito, eu vou ser mãe!
Ava mal podia acreditar no que estava vendo. Em frente ao espelho do banheiro de seu escritório, lá estava ela, segurando um teste de gravidez com o resultado positivo que tanto sonhou.
Desde que perdeu seu primeiro bebê num aborto espontâneo, o médico disse que seria bem difícil engravidar de novo. Mas agora, olhando para o resultado positivo nas suas mãos, tinha certeza de que estava vivendo um milagre.
As lágrimas começaram a cair sem controle. Era um misto de alegria e alívio depois de tanto tempo tentando.
— Não posso guardar essa notícia só para mim — ela murmura, já imaginando a cara de surpresa do seu noivo.
Ajeitando a maquiagem borrada e a roupa elegante que usava, ela sai do escritório com a postura altiva, que sempre teve diante de seus funcionários.
Quem não a conhecia pensava que ela não passava de uma herdeira poderosa que tinha o mundo inteiro em suas mãos, E, bom, ela meio que tinha.
Mas… a sua vida pessoal era bem diferente do que aparentava. Além de sofrer com dificuldade para engravidar, tentava convencer os pais a aceitarem o seu noivo James, que infelizmente não pertencia à mesma classe social que ela. No entanto, com essa novidade, acreditava que os pais não teriam mais como se opor à relação dos dois.
Chegando na casa do noivo, uma mansão que ela havia lhe presenteado — já que James morava numa casa simples — mal espera para dividir a notícia. Ava sobe as escadas quase correndo, mas para no meio do caminho, ao ouvir um barulho estranho vindo do quarto.
— Mais forte… — uma voz masculina murmura.
Curiosa e um pouco preocupada, caminha até lá e abre a porta.
E lá estava James, seu noivo, numa posição constrangedora, tendo relações com outro homem, bem na cama que usavam para dormir juntos.
A bolsa dela cai no chão num estrondo, fazendo os dois na cama se virarem assustados. O choque é tanto que Ava mal consegue respirar.
— Como você pôde? — ela grita, sentindo como se tivesse acabado de levar uma facada.
James se levanta da cama, ainda nu, tentando se explicar, mas acaba tropeçando nas próprias palavras.
— Ava, eu posso explicar — ele diz, tentando se cobrir com um lençol que estava jogado no chão.
— Explicar o quê?! — Ava o corta, furiosa. — Que você gosta de homens?
— Não é isso, amor… é tudo um mal entendido — rebate.
— Mal entendido? Enquanto eu estava trabalhando, para te dar uma vida luxuosa que você nunca iria conseguir ter sem a minha ajuda, você estava trasando com outro homem?
— Amor… me perdoa — James pede com a voz trêmula.
— Perdoar? — ela grita, visivelmente decepcionada. — Além de me trair, fez tudo isso na cama em que dormíamos juntos.
As lágrimas de decepção rolam pelo rosto dela. Ava tenta limpá-las com as costas das mãos, mas percebe que está tremendo de nervoso.
— Eu nunca esperaria isso de você — confessa, em meio ao choro. — Ainda mais depois de tudo que fiz por você. Eu te dei essa casa, o carro luxuoso que anda, o escritório onde você diz trabalhar. Eu te dei tudo! Até briguei com a minha família por você! — grita, sentindo uma raiva crescer dentro dela.
— Se você pode usar roupas de grife e desfilar por aí como alguém de respeito, foi tudo graças a mim, mas o que você me dá de volta? Agora entendo o motivo de os meus pais não terem aceitado o nosso relacionamento — murmura. — Não é porque você era pobre e vinha de uma família de baixo recurso, mas sim porque você não passa de um lixo interesseiro.
— Ava, para com isso — James pede, incomodado com as palavras que ela usa.
— Parar? — ela continua. — Enquanto eu ficava como uma boba apaixonada te dando presentes caros, te ajudando a subir profissionalmente na carreira, criando conexões importantes para te ajudar, você estava aqui, dando esse rabo sujo!
— Olha só como você fala comigo, está me ouvindo?
A voz de James se altera, pelo modo como ela começa a lhe humilhar.
— Acha mesmo que vou medir as palavras com você, seu viadinho?! — ela continua, agora sentindo raiva daquela situação. — Quero que saia dessa casa agora mesmo — exige Ava. — E deixe tudo o que eu te dei de presente aqui. Volte para o esgoto onde morava e de onde nunca deveria ter saído.
— Você não pode fazer isso — ele intervém.
— Claro que posso! — responde rapidamente. — E, além disso, vou contar para todo mundo tudo o que vi aqui. Você será hostilizado por todas à sua volta e ninguém nunca mais fará negócios com você.
O desespero toma conta de James. Sabia que se a história vazasse, perderia tudo o que ganhou com a ajuda de Ava e ele não estava disposto a renunciar à vida luxuosa que havia conquistado, por isso, num impulso, ele avança para cima de Ava e golpeia. Sem esperar por aquele ataque, Ava não teve chance de se proteger e acaba caindo no chão, desacordada.
Quando Ava acorda, sente que está vivendo um pesadelo real. Ela se dá conta de que está sentada no banco do motorista de seu veículo, que desliza silenciosamente em direção a um abismo. Ela tenta se mover, gritar, mas o corpo não a obedece. Com uma mão trêmula, Ava toca a barriga, percebendo que além de estar diante da morte, não poderá realizar o seu sonho de ser mãe.
O veículo despenca desfiladeiro abaixo e, ao se chocar com a água, Ava b**e a cabeça fortemente contra o vidro.
Bem ali, na beira da estrada, enquanto o veículo de Ava caía no abismo, um luxuoso Rolls Royce aparece e para, se tornando um mero espectador daquela cena caótica. Dentro dele, um homem assistia àquela cena em silêncio.
Deitada sobre o peito de Hector pela segunda vez naquele dia, Ava percebe o quanto resistir àquele homem era mais difícil do que imaginava. Por mais que tentasse fugir, por mais que jurasse manter a distância, bastava estar perto dele para tudo desmoronar.Hector era exatamente o tipo de homem que ela sempre disse que não queria, mas, no fundo… era tudo o que sempre precisou. E, mesmo sem admitir, gostava dele, daquele jeitinho meio bruto, meio carinhoso, que bagunçava tudo dentro de si.Queria aproveitar aquele silêncio gostoso, aquela paz rara entre os dois… mas o som do seu estômago roncando alto quebra o clima em segundos.Ela congela. Fecha os olhos, envergonhada. Se pudesse, se enterraria debaixo das cobertas e só sairia no mês seguinte.Mas Hector ri baixo, passando a mão nos cabelos dela.— Está com fome?— Parece que o meu estômago já respondeu por mim — ela resmunga, com um sorriso sem graça, escondendo o rosto no peito dele.— Que tal sairmos para comer em algum lugar? — su
No jardim da casa do primo, Estelle olha para o céu estrelado e respira fundo. A brisa leve toca seu rosto enquanto ela tenta organizar os pensamentos sobre o que fazer dali para frente. Toda a sua vida foi vivida à sombra da mãe, uma sombra pesada, cheia de exigências e cobranças. Margot sempre deixou claro, em palavras e olhares, que Estelle nunca seria nada sem ela.— Será mesmo? — sussurra, fechando os olhos por um instante.Sabia que, para provar o contrário, precisaria tomar uma atitude. E a primeira delas era sair da casa do primo. Por mais generoso que ele fosse com ela, e por mais acolhedora que Ava se mostrasse, compreendia que não podia continuar ali. Hector era um recém-casado e, por mais que ele nunca dissesse nada, ela sabia que aquele espaço precisava ser só deles.Mas, antes de qualquer coisa, precisava de independência. De um trabalho. Um novo começo. Então pensou: talvez fosse a hora de conversar com Hector sobre a proposta de emprego que ele havia mencionado. Se ain
Sem bater, Hector abre a porta e entra no quarto. Ava está de costas, sentada na beirada da cama, falando ao telefone com a mãe. Ao vê-lo, leva a mão instintivamente ao peito, assustada com a entrada repentina. Ela se vira, franzindo a testa.— Mãe, a gente pode conversar depois? — diz, tentando manter o tom calmo. — Prometo que passo aí amanhã. Está bem? Beijo.Ela encerra a ligação e apoia o celular na mesinha de cabeceira. Seu olhar, agora cravado em Hector, é tudo menos acolhedor.— O que deu em você? — pergunta, nervosa. — Entrar assim no meu quarto?— Temos que conversar — diz ele, direto, com a voz firme.— Não acho que temos algo para conversar — rebate, cruzando os braços. — E, só para deixar claro, esse aqui é o meu quarto. Já disse que não quero que entre sem bater.— Esse quarto não é seu — protesta, já perdendo a paciência.— É sim! — retruca, elevando o tom. — A sua tia já se foi. Não temos mais obrigação nenhuma de fingir que somos um casal. Não há motivo para dormirmos
Assim que Ava sai e a porta se fecha com um baque, o silêncio que se instala é ensurdecedor.Hector fica ali parado por alguns segundos, ofegante, olhando para o nada. O peito sobe e desce como se estivesse tentando conter uma explosão interna. Mas não consegue.Ele se levanta de uma vez, num impulso cheio de raiva contida, e grita:— Merda! — sua voz ecoa pela sala.Agarra o copo sobre a mesa e o lança contra a parede com força. O vidro se espatifa, estourando como o último resquício de calma que ainda restava dentro dele.— Caralho! — berra, empurrando a cadeira para o lado com um chute violento. Ela tomba no chão com estrondo.Ele atravessa a sala com passos pesados, varrendo tudo que encontra pela frente. Arrasta a garrafa do balcão e a j**a contra a parede do fundo.— Porra, Ava! — grita, com a voz quebrada. — Estou tentando até o inferno para tentar fazer o que é certo e o que recebo de volta é isso?!Derruba um porta-retratos no chão com um tapa, chuta o tapete para o lado, quas
Como um homem que sempre teve a vida resolvida ao seu modo, Hector não sabia exatamente como lidar com as novas adversidades que surgiam de repente. Então, fez o que sabia melhor: ignorar. Não por frieza, mas por pura autopreservação. Fingir que estava tudo bem era mais fácil do que encarar de frente o que doía.A respiração dos dois desacelerando, enquanto estão deitados no sofá de seu escritório, é o único som do ambiente.Ele está deitado de lado, com o braço em volta de Ava, enquanto seus dedos passeiam devagar pelas costas dela. Ela repousa a cabeça em seu peito, ouvindo as batidas do seu coração.— Então… — ela começa, com a voz baixa, preguiçosa, arrastando o “então” como quem testa o terreno. — Está mais calmo após a minha ajuda?Com a mão ainda acariciando as costas dela, ele ri baixinho.— Melhor ajuda da minha vida — brinca.— Idiota — ela murmura, dando um leve tapa no peito dele, mas sorrindo.Ele segura a mão dela e beija os dedos, um a um, com calma.— Estou falando séri
Num bar próximo à empresa, Hector se senta no banco alto, apoia os cotovelos no balcão e pede uma bebida com a voz baixa.— Um uísque, duplo. Sem gelo.Enquanto o garçom se afasta, ele fica ali, olhando sério para a estante de garrafas atrás do balcão. Nem parece que está escolhendo alguma, pois seu olhar está mais para quem está hipnotizado, perdido nos próprios pensamentos. Aquele tipo de silêncio que só gente cheia de coisa na cabeça carrega.A manga da camisa está dobrada como se tivesse passado o dia inteiro lutando com o mundo. O que, de certo modo, é bem verdade.O copo chega, ele agradece com um aceno quase imperceptível e bebe um gole como se fosse água. Fecha os olhos por um segundo, mas aquilo não ajuda muito.Tudo parece girar em torno de uma revelação. O passado inteiro parece se bagunçar.A porta do bar se abre com o som irritante do sino e Mark entra. Ele avista Hector e vai direto até ele, sem rodeios. Puxa o banco ao lado e se senta, largando o celular no balcão como
Último capítulo