DORIAN
Por um segundo, o tempo para quando a porta abre — como se o universo, cruel e brincalhão, tivesse decidido que a próxima respiração depende do que estiver atrás daquela porta. Mas não é um médico de expressão indecifrável. Nem uma notícia que muda o mundo.
É Benjamin.
Com dois cafés nas mãos e aquela calma que ele carrega até quando tudo à sua volta parece prestes a desmoronar.
— Vim reforçar o plantão — diz com um sorriso discreto, pousando as bebidas na mesinha diante de nós.
Lara levanta a cabeça do meu ombro, pisca algumas vezes como quem retorna de um lugar distante e agradece com um aceno. Eu o encaro em silêncio por alguns segundos antes de assentir.
Benjamin se senta na poltrona ao lado, cruza as pernas e ajeita o paletó, como se estivesse em uma reunião. Mas não está. Está aqui. Por mim. Por ela. Por nós.
— Pegou com açúcar? — pergunto.
— Peguei um com, outro sem. Sei que você troca dependendo do humor.
Ele me conhece há tempo demais.
— David levou Cat para almoçar. E