A música muda.
As luzes do salão se ajustam, diminuem levemente, criando o clima ideal para a próxima etapa do espetáculo. No centro do ambiente, o espaço reservado para a pista de dança começa a se formar como uma arena.
Claro que Dorian nota antes de mim.
Ele termina de falar com um grupo de investidores, agradece com um sorriso curto e elegante e se vira para mim com aquele olhar que avisa que alguma coisa está prestes a acontecer.
— Quer dançar?
A pergunta é simples. Mas vindo dele, soa como um comando disfarçado.
Eu poderia dizer não. Poderia recusar. Mas isso seria recuar — e eu já fiz isso demais.
— Você dança? — pergunto, arqueando uma sobrancelha. É algo novo.
— Quando vale a pena.
— Então espero não decepcionar.
Ele estende a mão. E eu aceito.
O salão não está completamente vazio, mas no momento em que pisamos na pista, os olhares se voltam. Todos nos veem. Avaliam. Esperam algo — um deslize, uma quebra de máscara, qualquer prova de que somos apenas um contrato com sorrisos