DORIAN
A casa está em silêncio quando chego.
O corredor parece mais comprido com as luzes apagadas, como se estivesse testando minha urgência. Os passos são contidos, porque não quero acordá-las. Mas meu peito está acelerado. Pela preocupação. Pela ausência. Pela vontade de vê-la, mesmo que de longe.
A porta do quarto da mãe de Lara está entreaberta. Espio com cuidado.
Ela dorme.
A respiração lenta, os lençóis ajeitados com precisão de filha cuidadosa. A enfermeira sentada no canto oposto lê um livro em silêncio, os olhos cansados, mas atentos. Ela me vê e assente com um aceno gentil, indicando que está tudo bem.
E então eu a vejo.
Lara.
Encolhida na poltrona ao lado da cama.
As pernas dobradas, uma manta jogada de qualquer jeito sobre os joelhos. A cabeça pendendo para o lado, como se o corpo tivesse lutado para resistir, mas finalmente se entregou.
Meu coração aperta de um jeito que nenhuma sala de reuniões jamais conseguiu provocar.
Ela está exausta.
Não só fisicamente. Mas da preo