LARA
A lareira estala com uma cadência quase hipnótica, como se quisesse competir com o ritmo do meu coração.
A madeira range discretamente sob nossos pés quando nos movemos pela sala, ainda aquecida pela dança dos nossos corpos e pelo beijo com gosto de chocolate quente que ficou na minha pele. Dorian caminha devagar, como se não tivesse pressa para nada. Como se o tempo realmente tivesse congelado lá fora e ele soubesse que agora não há urgências além de mim.
Ele me observa enquanto dobra com cuidado os casacos e os acomoda sobre o encosto do sofá. E então se aproxima de novo, com aquele olhar que faz meu estômago se contrair antes mesmo que ele me toque.
— Você quer dormir aqui embaixo ou lá em cima? — pergunta, apontando com o queixo para a escada de madeira que leva ao mezanino.
— Depende — sussurro. — Lá em cima tem vista?
— Tem tudo. — A voz dele baixa como uma carícia. — Mas aqui embaixo tem lareira. E um sofá grande o suficiente pra pecados memoráveis.
— Podemos revezar.
Solt