LARA
Deixo a mansão como quem escapa de um incêndio invisível.
O sol está alto, o céu tão azul que quase me fere os olhos. Mas por dentro, o clima é outro — nuvens densas me acompanham, mesmo com o vento tentando arrancá-las de mim. Ao meu lado, Cat dirige em silêncio, respeitando meu espaço. Ela sempre sabe quando falar. E quando só existir ao lado já é o suficiente.
Não me despedi da minha mãe. Nem quis saber a hora exata da chegada dele. Só sabia que precisava sair antes. Precisava escolher não estar, não ver, não ouvir.
— A massagista é de confiança — Cat diz, finalmente. — Trabalha com técnicas orientais e terapia corporal. Não é aquele tipo de spa gelado e automático. É cuidado de verdade.
Assinto, sem conseguir responder de imediato.
Meu corpo está tenso como um arco retesado. E não é só pela notícia. É pela raiva contida, pela impotência, pelo medo de estar repetindo o ciclo. Minha mãe decidiu abrir a porta para o homem que a deixou sangrar sozinha. E eu não quero estar ali pa