LARA
Acordo antes do sol.
Não sei dizer se foi o corpo que despertou sozinho ou se foi o coração — ainda tateando no escuro por respostas que talvez nunca venham de fora. A casa está silenciosa, mas há calor ao meu redor. A brisa filtrada pela janela entreaberta sopra suave, e o único som que me ancora é o da respiração dele.
Dorian.
Ele está ali, deitado ao meu lado, o braço me envolvendo com naturalidade, como se o lugar ao meu redor tivesse sido moldado para ele. Ou por ele.
Não me mexo. Só observo.
A linha da mandíbula, as pálpebras fechadas, o movimento leve do peito subindo e descendo. Há algo de absoluto nessa quietude. Como se, em algum momento entre o toque da noite e o descanso que veio depois, o universo tivesse feito uma pausa. Só para que a gente coubesse dentro dele.
Ele me deu tudo ontem.
Mas não foi o banho. Nem o toque. Nem o prazer. Foi a maneira como ele me olhou. Como me sustentou. Como não pediu nada em troca, mesmo me entregando tudo.
E eu disse que o amo.
Disse