DORIAN
A casa está mergulhada em silêncio.
Não o tipo de silêncio confortável. Mas aquele que pulsa. Que pesa.
Meus passos são leves no corredor escuro. Luzes apagadas, cortinas cerradas, sombras alongadas pelas frestas de luz da rua. O relógio da sala acabou de marcar três da manhã. Poderia ter ido dormir. Poderia ter ignorado o impulso. Mas estou aqui.
Parado diante da porta do quarto dela.
A porta que prometi não cruzar.
A primeira regra que estabeleci comigo mesmo quando ela entrou de volta na minha vida foi clara: não me aproxime quando o desejo for maior do que o controle.
E agora estou aqui.
Sem controle algum.
Giro a maçaneta devagar.
Sem barulho.
Sem pressa.
A porta se abre alguns centímetros, o suficiente para que eu deslize para dentro como uma sombra. O quarto está escuro, mas os olhos se acostumam rápido. A lâmpada do criado-mudo está apagada, mas uma faixa de luz entra pelas cortinas entreabertas, iluminando parte da cama.
Ela está ali.
Deitada de lado.
O lençol cobre su