O quarto da minha mãe tem cheiro de lavanda.

Eliza preparou tudo com carinho: a colcha branca com detalhes em azul, os travesseiros fofos, a jarra de água fresca ao lado da cama. As cortinas estão entreabertas, deixando a luz da lua entrar com suavidade. Um cenário calmo, quase onírico.

Minha mãe está sentada na cama, os cabelos presos em um coque frouxo, os olhos brilhando mesmo em meio ao cansaço. Está melhor hoje. Mais corada. Mais viva.

Talvez seja o efeito da nova medicação. Talvez seja reflexo da alegria.

— Filha, o que faz aqui? Não me diga que pretende dormir aqui comigo? — ela pergunta, ajeitando o lençol no colo.

— Claro que sim — digo, já tirando as pantufas.

Ela me olha por cima dos óculos.

— E o Dorian?

— O que que tem?

— É seu marido.

— Mãe...

— Não me venha com esse “mãe” que parece sermão. É o seu marido. Você vai dormir com ele.

— Eu vou dormir com você. Vai ser bom ter companhia.

— Eu terei companhia. Acha que essa outra cama de solteiro está pronta para quem? Luzia