Sebastian
Londres sempre me provoca a mesma sensação de estar no centro de algo maior que eu. O frio cortante, as ruas cinzentas, o movimento apressado das pessoas que parecem não olhar para o lado… tudo me traz uma memória confusa, como se eu já tivesse vivido mais de uma vida nesse lugar. A lembrança de um pub antigo, de uma noite fria e solitária, quando alguém me confundiu com outra pessoa, volta à minha mente como uma fotografia amarelada. Naquele dia, ignorei. Hoje, sinto que talvez tenha sido o primeiro sinal de que havia muito mais por trás dessa semelhança incômoda com Louis Beaumont.
Estou no quarto do hotel, sentado na poltrona perto da janela, o celular na mão. A tela iluminada me desafia. Escrevo e apago a mesma mensagem para Isadora umas três vezes, sem coragem de enviar nada. No fundo, sei que ela está magoada, e não consigo decidir se minha presença constante só piora as coisas ou se minha ausência a enfurece ainda mais. Bart me contou que Eduardo esteve na nossa