Sebastian
A noite estava silenciosa demais. Tinha algo na quietude daquela casa que me deixava inquieta — talvez porque eu me acostumei a associar silêncio com medo desde o sequestro. Estava deitada na cama, de luz apagada, mas sem conseguir fechar os olhos por mais de alguns minutos. O relógio do criado-mudo marcava quase onze da noite, e Sebastian ainda não tinha chegado.
Ele vinha passando mais tempo na empresa, tentando reorganizar tudo o que ficou parado enquanto me procurava. E eu sabia... todos sabiam, que ele não dormiu direito por dias, que revirou São Paulo e metade do estado com a esperança de me encontrar. Quando penso nisso, o peito dói. Imaginar o desespero dele, o medo de me perder, o faz parecer um homem que carrega o mundo nas costas, e por mais que eu queira tê-lo comigo, não tenho coragem de cobrar presença.
Mesmo assim, a saudade é um bicho insistente. Ela se instala sem pedir licença, se alimenta dos segundos em que olho para o travesseiro dele vazio e cr