ISADORA
Dois dias. Esse é o tempo que passa até que finalmente sou liberada para ver Sebastian. Sinto como se cada hora tivesse durado uma eternidade. Enrico fica nos braços atentos da babá, embalado em seu sono tranquilo, e eu sigo pelos corredores do hospital ao lado de Antônio. O som ritmado dos passos dele me guia, mas dentro de mim tudo é descompasso.
Chegamos a uma ala silenciosa, iluminada por lâmpadas frias. O cheiro de antisséptico se intensifica, e meu estômago se contrai. Quando me aproximo da vidraça e vejo Sebastian, meu peito desmorona.
Ele está ali, deitado, rodeado por fios, tubos e máquinas que apitam com regularidade. O rosto parece sereno, mas sei que é um silêncio enganador. A pele mais pálida que o normal, o braço enfaixado, uma sutura discreta perto da têmpora. Sinto uma dor física só de olhar.
Apoio a mão contra o vidro, como se pudesse atravessar aquela barreira e alcançar a dele.
— Estou aqui, amor… — sussurro, mesmo sabendo que ele não pode me ouv