Almoços corporativos sempre me deixaram desconfortável. Não pela comida em si, que geralmente era boa, nem pelo ambiente, que costumava ser elegante e cuidadosamente neutro. Mas pelo jogo silencioso de interesses, de posições disfarçadas de simpatia, pelas trocas de palavras medidas demais ou entonações que diziam mais do que as frases em si. Tudo parecia um teatro. E, naquela tarde, eu me sentia no centro do palco sem sequer ter decorado minhas falas.
O restaurante era um dos mais sofisticados da cidade. Reservado, com mesas amplas, paredes revestidas em madeira clara e um serviço discreto, quase invisível. Um garçom se aproximava antes mesmo que a taça ficasse pela metade. Eu havia sido convidada — ou melhor, escalada — para acompanhar Sebastian ao almoço com dois empresários influentes, um deles já parceiro de longa data da família Montenegro, e o outro, um novo nome de peso no setor de energia renovável.
Tentei manter a postura impecável, os ombros retos, o sorriso educado.