SEBASTIAN
O escritório parece um museu da minha própria vida. Há porta-retratos por todos os lados: eu e Isadora sorrindo em viagens, abraçados em lugares que não reconheço, em festas que não consigo lembrar. Observo cada detalhe como quem estuda uma pintura antiga em busca de um significado, mas o vazio é absoluto. Nenhuma fagulha de lembrança. Nenhuma emoção que me resgate daquele abismo. Apenas rostos felizes que parecem pertencer a outras pessoas.
De repente, vozes ecoam pelo corredor. Primeiro abafadas, depois mais próximas. Há tensão no tom, como se um fio esticado estivesse prestes a se romper. Antes que eu possa me mover, a porta do escritório se abre com violência.
Rebeca surge, ofegante, os olhos faiscando. Logo atrás dela, Isadora, visivelmente exasperada, mas mantendo o controle.
— Você não deixa a Ísis entrar nesta casa para ver o pai dela! — dispara Rebeca, sem nem me olhar direito, como se a acusação fosse uma arma apontada contra Isadora.
— Isso não é verd