Acordei cedo, mesmo sem despertador. O sol já iluminava o quintal e o som do mar chegava suave, como se quisesse me fazer mudar de ideia. Na cozinha, encontrei minha mãe preparando café, como sempre fazia, cantarolando baixinho. Sentei-me à mesa e fiquei alguns segundos só observando aquele cenário tão familiar.
— Vai voltar hoje mesmo? — ela perguntou sem me olhar, como se já soubesse a resposta.
Assenti, mexendo no café quente sem coragem de bebê-lo ainda.
— Preciso, mãe. Tenho pendências em São Paulo, coisas que não posso adiar.
Ela me olhou por um instante, com aquele olhar doce, mas carregado de preocupação.
— Você sabe que pode voltar quando quiser, né A casa vai estar sempre aberta para você.
Um nó se formou na minha garganta.
— Eu sei, mãe. Eu queria poder ficar mais… — suspirei, encarando a fumaça que subia da xícara. — Mas preciso voltar pra realidade, encarar meus problemas de frente.
Depois do café, fui arrumar a mala. Cada peça de roupa dobrada pareci