Isadora
O som da água se torna quase um fantasma para mim. Ele está ali, persistente, mas não importa o quanto eu avance, nunca parece chegar mais perto. Cada passo é uma luta; meus pés doem, os tornozelos latejam, e cada respiração arranca do meu peito um ar mais pesado, como se a floresta sugasse as minhas forças pouco a pouco. Mesmo assim, eu sigo. Não posso parar. Não agora.
As árvores são altas, de troncos grossos, e as copas se fecham sobre mim, deixando apenas filetes de luz do amanhecer atravessarem. O chão é coberto de folhas úmidas, e o cheiro de terra molhada se mistura ao gosto metálico do medo que ainda não sai da minha boca. Apoio uma das mãos no tronco mais próximo para recuperar o fôlego, mas o som da água ainda está distante, como se zombasse de mim.
Dou mais alguns passos, cambaleando. O corpo inteiro dói, um tipo de dor que não é só física, é emocional, é como se tudo dentro de mim estivesse desgastado. Eu penso em Kaisen e um arrepio percorre minha espinha