Isadora
A respiração de Kaisen era curta, ofegante, como se cada inspiração pesasse mais do que deveria. No breu da mata, eu só conseguia ver os contornos do rosto dele quando a lua ousava atravessar a copa fechada das árvores. Estávamos encolhidos atrás de uma moita, os galhos grossos e úmidos arranhando meus braços, e o cheiro de terra molhada invadia minhas narinas, misturado ao gosto metálico do medo que não desgrudava da minha boca.
Por alguns instantes, não havia som algum além do nosso. Depois, os estalos distantes de gravetos se partindo confirmavam que não estávamos completamente sozinhos naquela escuridão. Eu prendi a respiração, apertando o ombro de Kaisen, esperando que ele não fizesse nenhum movimento brusco. Mas os passos foram se afastando até o silêncio se impor de novo, pesado, quase sufocante.
Kaisen deixou escapar um gemido baixo, contido, mas ainda assim dolorido. Eu me virei imediatamente, esquecendo o frio e o cansaço. Meus olhos demoraram a se acostumar