A manhã avançava devagar, como se o tempo estivesse fazendo questão de me provocar. O relógio digital da tela marcava quase meio-dia, e eu ainda estava presa entre planilhas e agendas, tentando sincronizar tudo novamente após os dias ausente. Era como montar um quebra-cabeça onde as peças haviam se mexido sozinhas, e agora cabia a mim restaurar a ordem.
Por mais que tentasse manter minha concentração no trabalho, a verdade é que, por dentro, meu peito era uma confusão silenciosa. Estar de volta ali, na sala dele, sentir seu perfume no ar, lembrar da noite que tivemos e da forma como tudo parecia fora do meu controle… era muita coisa para absorver. E, além de tudo isso, eu ainda era, oficialmente, sua assistente. Estava ali, trabalhando como se nada tivesse acontecido, tentando não pensar em como seria encarar aquele ambiente dia após dia, torcendo para que ninguém desconfiasse do que existia entre nós — o que quer que fosse, já que até isso ainda era indefinido.
O celular vibrou