A manhã amanheceu silenciosa, como se o mundo inteiro tivesse decidido cochilar um pouco mais.
Do lado de fora, o orvalho ainda cobria as folhas e o ar trazia aquele cheiro de terra úmida que sempre fazia Camila lembrar da infância.
Ela estava sentada na varanda, o bebê adormecido no colo, observando o vapor do café que subia devagar da caneca apoiada no braço da cadeira.
Havia aprendido que a solidão tinha sons.
O farfalhar das árvores, o estalar da madeira na casa antiga, o respirar calmo da criança — todos se misturavam numa música que, de alguma forma, embalava o coração dela.
Foram meses tentando se reconstruir.
Cada amanhecer era um exercício novo de paciência e esperança.
E embora o rosto de Ricardo ainda surgisse em seus pensamentos como uma sombra que teimava em ficar, Camila começava a sentir algo que não sentia havia muito tempo: paz.
Mas paz, ela aprendeu, também podia doer.
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No mesmo instante, a quilômetros dali, Ricardo observava o nascer do sol através do vidro do ca