O amanhecer chegou devagar, tingindo o céu de um azul pálido que mais parecia cansaço do que promessa.
Camila despertou com o som do vento entrando pela janela entreaberta.
A brisa fria tocou seu rosto e, por um instante, ela acreditou que tudo o que vivera nos últimos dias não passara de um sonho turbulento.
Mas então o bebê chorou.
Aquele choro fraco, doce e urgente, a trouxe de volta pra realidade.
Ela se sentou na cama, ainda tonta de sono, e olhou para o berço improvisado ao lado.
Ali estava o motivo de tudo — o pequeno milagre que transformara a vida dela em algo irreversível.
Um misto de medo e amor apertou seu peito.
— Shh... tá tudo bem — murmurou, pegando o bebê no colo. — A mamãe tá aqui.
A palavra “mamãe” ainda soava estranha.
Ela a dizia com hesitação, como quem tem medo de não merecê-la.
Mas quando o bebê se acalmou, sentindo o calor do corpo dela, Camila percebeu: era real.
E esse amor também era.
Ricardo não estava mais ali.
A poltrona onde ele ficara a n