O outono chegou de mansinho, pintando o vilarejo de tons de cobre e nostalgia.

As tardes eram curtas, e o frio trazia consigo aquele tipo de silêncio que parece abraçar e apertar ao mesmo tempo.

Camila começou a gostar desse som — o da calma que não cobra nada, o da solidão que não dói tanto quanto antes.

Desde que Ricardo aparecera no chalé, algo dentro dela havia mudado.

Não era esperança — era mais profundo, mais discreto.

Uma espécie de sossego que vinha do simples fato de saber que ele ainda existia no mesmo mundo que ela.

As visitas começaram devagar.

Primeiro, uma vez por semana.

Depois, duas.

Ricardo trazia frutas, pães frescos, brinquedos pequenos — e, sem perceber, começou a trazer também risadas de volta pra dentro da casa.

Camila fingia não notar, mas o coração dela já tinha se rendido àquela rotina sem promessas.

E, toda vez que ele ia embora, o eco do motor se perdendo na estrada deixava um buraco que só se fechava quando ele voltava.

Naquela manhã, o sol filtrava-se pel