Ele era frio, calculista e dono de um império. Ela só queria um emprego. Nenhum dos dois esperava... um bebê. Dominic De Santis vive para os negócios — e para o controle absoluto. CEO bilionário, sarcástico e emocionalmente inacessível, vê sua vida virar de cabeça para baixo quando recebe uma “entrega especial” no meio da sala de reuniões: um bebê. Supostamente, seu filho. Desesperado, sem paciência e sem ideia de como trocar uma fralda, ele precisa de ajuda. É aí que entra Leslie Gallardo: 24 anos, endividada, doce e determinada a não abaixar a cabeça nem mesmo para o homem mais poderoso de Nova York. O que começa como um emprego temporário de babá se transforma em um turbilhão de olhares, provocações e sentimentos que nenhum dos dois esperava viver. Ela começa a enxergar o homem por trás do terno. Ele começa a desejar um futuro que sempre rejeitou. Mas será que dois mundos tão diferentes conseguem se tornar um só?
Ler maisDominic De Santis não gostava de surpresas.
Aliás, detestava.
Para ele, cada segundo do dia era cronometrado com precisão cirúrgica. Reuniões, almoços de negócios, telefonemas estratégicos, revisões de contrato. Tudo precisava funcionar como um relógio suíço — e qualquer desvio representava perda de tempo. E tempo, no mundo de Dominic, era sinônimo de poder.
Naquela manhã de terça-feira, o céu sobre Manhattan estava coberto por nuvens espessas e ameaçadoras. Do alto da cobertura no 60º andar da D&S Corporation, Dominic observava a cidade com uma xícara de café preto na mão e o maxilar travado.
Vestia um terno sob medida italiano, escuro como a noite, o cabelo perfeitamente penteado para trás e o olhar tão afiado quanto sua reputação.
— Senhor De Santis, os representantes da Nova Tech já estão na sala de reuniões — anunciou Nina, sua assistente, entrando no escritório com passos firmes, tablet em mãos e a postura impecável.
Dominic assentiu sem uma palavra. Depositou a xícara sobre a mesa de mármore e seguiu para a sala envidraçada, onde a reunião já o aguardava.
Tudo transcorria conforme o planejado. Números, gráficos, projeções. Nenhuma piada. Nenhuma distração. Nenhuma perda de tempo.
Até que a porta se abriu de forma abrupta.
Nina entrou, pálida, os olhos arregalados, carregando algo estranho nos braços.
— Me desculpe, senhor, mas… isso… chegou agora, e pediram para entregar pessoalmente ao senhor.
Dominic franziu o cenho, irritado.
— Uma entrega? Você interrompeu uma reunião por causa de uma entrega?
— Senhor… não é uma entrega comum.
Foi só então que ele viu.
Não era um pacote.
Era um bebê.
Um bebê de olhos escuros e vivos, bochechas rosadas e expressão curiosa. A pequena criatura olhou ao redor da sala com estranhamento — e então, como se compreendesse a tensão no ambiente, começou a chorar alto.
O silêncio que se seguiu foi absoluto.
Dominic levantou-se devagar, as sobrancelhas unidas em confusão e incredulidade.
— Isso é algum tipo de piada?
Nina entregou a ele um envelope.
— Isso veio junto. O motorista insistiu que entregasse nas suas mãos.
Dominic abriu o envelope com movimentos rudes. Bastou a primeira linha para seu corpo inteiro enrijecer.
"Dominic, sei que isso deve parecer surreal. Mas esse é seu filho, Noah. Nós tivemos um fim de semana juntos há um ano e meio, e eu só descobri sobre a gravidez depois que perdi o contato com você. Não tenho condições de criá-lo. Confio que saberá o que fazer."
Sem assinatura. Sem mais explicações.
O choro do bebê aumentava a cada segundo. Dominic, embora com o rosto impassível, sentia uma verdadeira tempestade se formar por dentro.
— A reunião acabou — disse em tom seco. — Agora.
Todos se levantaram e deixaram a sala em silêncio absoluto.
Dominic permaneceu parado diante do bebê ainda nos braços de Nina. Seu olhar era gélido.
— Isso só pode ser um pesadelo.
A pele estava úmida de suor. Afrouxou a gravata e desabotoou o colarinho da camisa. Não havia palavras para o que acabara de ler — e se recusava a acreditar em uma só delas.
— Senhor… o que o senhor vai fazer com ele? — Perguntou Nina em voz baixa.
Dominic passou a mão pelo rosto, inspirando profundamente.
— Nina... leve esse bebê daqui.
— Levar para onde? — retrucou, surpresa. — O senhor quer que eu o leve para casa?
— Pode ficar com ele, se quiser.
— Eu? Não posso. Já tenho dois filhos. Isso está completamente fora de questão.
Dominic arqueou as sobrancelhas, impaciente.
— Mais um não vai fazer diferença.
— Vai, sim, senhor. E se essa criança é realmente seu filho… então é você quem deve cuidar.
— Essa criatura não é meu filho — disse com firmeza.
O bebê soltou um choro suave, que rapidamente se transformou num grito agudo.
— Faça alguma coisa! — Gritou Dominic para Nina.
— O que exatamente o senhor quer que eu faça? Ele é seu filho!
Furioso, Dominic apertou o botão do interfone.
— Olivia! Sala de conferências, agora!
Segundos depois, a secretária de Lucca — seu melhor amigo e sócio — entrou correndo.
— Senhor, o que houve?
— Faça algo sobre isso — ordenou, apontando para o bebê no colo de Nina.
— Oun… que fofura. Qual o nome dele?
— Noah — respondeu Dominic, irritado, enquanto o choro do bebê começava a diminuir.
— De quem é o bebê? — Olivia quis saber.
— De acordo com esta carta, é filho do Dominic — respondeu Nina, entregando a carta à secretária.
— Pela última vez: ele não é meu filho! Isso é algum tipo de golpe!
— Ele provavelmente precisa ser trocado. Me dá ele aqui, Nina — disse Olivia, com calma.
Ela pegou o bebê nos braços.
— Você vai trocá-lo na mesa de conferência?! — Dominic exclamou, escandalizado.
— Sim. Não vou colocá-lo no chão. É melhor vir aqui, Sr. De Santis, e observar... já que é você quem vai levá-lo para casa.
— Eu não vou levar esse bebê para casa comigo. Você está louca?
— Então o que o senhor pretende fazer?
— Leve-o para casa. Você parece saber lidar com bebês.
— Sr. De Santis, as coisas não funcionam assim. Simplesmente deixar com outra pessoa não é uma solução — disse Olivia com firmeza.
— Eu já disse isso a ele, Olivia — completou Nina. — Ele até me ofereceu o bebê.
Depois de trocar a fralda de Noah ali mesmo, Olivia o pegou no colo e se aproximou de Dominic para entregá-lo.
Ele recuou imediatamente, levantando as mãos como se ela carregasse uma bomba.
— Eu não cuido de crianças. Nunca cuidei de bebês.
— Bom, então comece a aprender, vai precisar providenciar o básico: mamadeiras, fraldas, roupas — disse Olivia. — O senhor é um homem inteligente, vai descobrir como cuidar do seu filho.
— Ligue para o serviço de assistência social ou qualquer órgão responsável e traga alguém aqui imediatamente. Até lá, ele é problema seu, Olivia. Estou indo para o meu escritório.
Sem esperar resposta, Dominic ajeitou a gravata e saiu da sala de conferências. Caminhou com passos duros até seu escritório, entrou e bateu a porta com força.
Sentou-se atrás da mesa, jogando-se na cadeira como se o mundo tivesse desabado. Recostou-se, fechou os olhos e esfregou o rosto com as mãos, tentando entender como sua vida — tão perfeitamente organizada — havia sido invadida por um bebê... supostamente seu.
O silêncio que se instalou após as palavras duras de Dominic era quase ensurdecedor. O peito de Leslie queimava, mas ela não permitiria que ele visse a dor estampada em seu rosto.Ela engoliu em seco, mantendo o queixo erguido, os olhos faiscando com uma mistura de raiva e orgulho.— Então é isso? — perguntou, a voz firme, mesmo que seu coração latejasse em protesto. — Vai simplesmente me mandar embora como se eu fosse descartável?Dominic, ainda tomado pela fúria que não sabia administrar, deu um passo à frente, os punhos cerrados. — Não tenho tempo para jogos, Leslie. Já bastou essa palhaçada do exame.Ela riu, um riso seco, carregado de sarcasmo. — Palhaçada de exame? — repetiu, arqueando uma sobrancelha. — Olha só como você fala. Ele é seu filho.— Filho que eu não ped
Quando Dominic abriu os olhos, sentindo-se como se tivesse sido atropelado por um caminhão, depois chutado por um cavalo e, por fim, espancado por um time de rugby. A cabeça latejava, a boca estava seca e o estômago embrulhado. Ele soltou um gemido baixo, levando a mão à testa enquanto piscava lentamente, tentando se lembrar do que, diabos, tinha acontecido na noite anterior.Aos poucos, flashes desconexos vieram: whisky, Lucca, o clube, mais whisky, mais whisky... e então, blackout.— Merda — resmungou, a voz rouca, como se tivesse fumado um maço de cigarros de uma vez.O barulho de passos suaves o fez virar o rosto com esforço. Leslie entrou no quarto com um copo d'água e dois comprimidos na mão. Mas o sorriso dela não era acolhedor — era aquele tipo de sorriso que anunciava ironia à queima-roupa.— Olha só quem resolveu voltar à vida. Já era hora, né? — disse, colocando o copo na mesinha de cabeceira. — Bom dia, Bela Adormecida. Quer dizer... não tão bela assim hoje.Dominic soltou
Era quase três da manhã quando Leslie ouviu a porta da frente se abrir com um rangido suave. Ela franziu a testa, pousou a caneca de chá na bancada e caminhou em direção à sala. A cena que encontrou fez seus olhos se arregalarem: um homem alto, desconhecido, apoiava Dominic, que mal conseguia firmar os próprios passos, visivelmente embriagado.Leslie cruzou os braços, parando na porta da sala, com uma expressão mista de incredulidade e cansaço.— Boa noite — disse o homem, erguendo uma das sobrancelhas de forma simpática.— Boa noite? — ela respondeu arqueando uma sobrancelha. — Podemos dizer que já são quase três da manhã.Nesse momento, Dominic resmungou algo incompreensível, depois apontou o dedo para Leslie com um sorriso bêbado.— Eu te disse, Lucca... ela fala demais. Está vendo? Dando
Dominic largou o copo vazio sobre a mesa com um estalo e esfregou o rosto com as mãos. Seus olhos, normalmente frios e calculistas, estavam vermelhos e opacos.— Eu sempre quis encontrar um lugar onde eu me sentisse pertencente. Para mim, eu achei que esse lugar fosse o mundo dos negócios. Quando abri minha primeira empresa, eu acreditei que ali era o meu lar. Durante toda a minha vida, Lucca, ninguém me quis... até que eu tivesse algo a oferecer. Dinheiro. Poder. Influência.A voz dele embargou levemente. Não era comum para Dominic abrir qualquer janela para o seu passado.— Cresci ouvindo que eu não era suficiente. Meu pai me espancava, fodeu com meu psicológico de todas as formas possíveis, para no fim me abandonar... eu sempre fui invisível. O "não ser suficiente" ficou comigo. Então, eu decidi ser o cara que nunca mais seria ignorado.Lucca o escutava em si
O final da tarde chegou, e Dominic estacionou seu carro esportivo preto em frente à Clínica Biogene. Seu coração estava inquieto, um misto de ansiedade e raiva ainda fervendo sob a pele. Ele entrou no prédio com passos firmes, sem esconder a expressão fechada.Thalia o aguardava na recepção, mantendo um sorriso polido que não alcançava os olhos. Claramente, a relação entre os dois nunca mais seria a mesma.— Senhor De Santis, por aqui, por favor.— Vamos direto ao ponto, Thalia. — A voz dele era sìa e seca. — Sem rodeios.Ela assentiu e o conduziu até uma sala reservada. Sobre a mesa, um envelope pardo lacrado o aguardava. Dominic se sentou, estalando os dedos inquieto.— Aqui está o resultado, como solicitado. — Ela empurrou o envelope na direção dele. — Se preferir, posso deixá-lo
A manhã seguia tranquila no apartamento de Dominic, mas Leslie, com o coração inquieto, terminava de ajeitar o pequeno Noah. Ela colocou os últimos itens na bolsa do bebê — fraldas, roupinhas extras, mamadeira — enquanto Noah a observava com seus olhos curiosos. Por mais que tentasse manter a mente focada, sua cabeça insistia em repassar cada detalhe da noite anterior."Não posso pensar nisso", repetia para si mesma, ajeitando o macacãozinho de Noah.Assim que chamou um Uber e seguiu em direção ao antigo apartamento que dividia com Harper, sentiu um aperto no peito. Era como se, ao voltar para lá, reencontrasse parte da sua antiga vida. Antes de Dominic. Antes de Noah.Harper abriu a porta com um sorriso largo.— Meu Deus! — exclamou, pegando Noah no colo assim que os olhos brilharam ao vê-lo. — Pequeno príncipe! A titia Harper estava louca
Último capítulo