Babá por Acidente, Esposa por Destino
Babá por Acidente, Esposa por Destino
Por: Gabi Nunes
1. A entrega inesperada.

Dominic De Santis não gostava de surpresas.

Aliás, detestava.

Para ele, cada segundo do dia era cronometrado com precisão cirúrgica. Reuniões, almoços de negócios, telefonemas estratégicos, revisões de contrato. Tudo precisava funcionar como um relógio suíço — e qualquer desvio representava perda de tempo. E tempo, no mundo de Dominic, era sinônimo de poder.

Naquela manhã de terça-feira, o céu sobre Manhattan estava coberto por nuvens espessas e ameaçadoras. Do alto da cobertura no 60º andar da D&S Corporation, Dominic observava a cidade com uma xícara de café preto na mão e o maxilar travado.

Vestia um terno sob medida italiano, escuro como a noite, o cabelo perfeitamente penteado para trás e o olhar tão afiado quanto sua reputação.

— Senhor De Santis, os representantes da Nova Tech já estão na sala de reuniões — anunciou Nina, sua assistente, entrando no escritório com passos firmes, tablet em mãos e a postura impecável.

Dominic assentiu sem uma palavra. Depositou a xícara sobre a mesa de mármore e seguiu para a sala envidraçada, onde a reunião já o aguardava.

Tudo transcorria conforme o planejado. Números, gráficos, projeções. Nenhuma piada. Nenhuma distração. Nenhuma perda de tempo.

Até que a porta se abriu de forma abrupta.

Nina entrou, pálida, os olhos arregalados, carregando algo estranho nos braços.

— Me desculpe, senhor, mas… isso… chegou agora, e pediram para entregar pessoalmente ao senhor.

Dominic franziu o cenho, irritado.

— Uma entrega? Você interrompeu uma reunião por causa de uma entrega?

— Senhor… não é uma entrega comum.

Foi só então que ele viu.

Não era um pacote.

Era um bebê.

Um bebê de olhos escuros e vivos, bochechas rosadas e expressão curiosa. A pequena criatura olhou ao redor da sala com estranhamento — e então, como se compreendesse a tensão no ambiente, começou a chorar alto.

O silêncio que se seguiu foi absoluto.

Dominic levantou-se devagar, as sobrancelhas unidas em confusão e incredulidade.

— Isso é algum tipo de piada?

Nina entregou a ele um envelope.

— Isso veio junto. O motorista insistiu que entregasse nas suas mãos.

Dominic abriu o envelope com movimentos rudes. Bastou a primeira linha para seu corpo inteiro enrijecer.

"Dominic, sei que isso deve parecer surreal. Mas esse é seu filho, Noah. Nós tivemos um fim de semana juntos há um ano e meio, e eu só descobri sobre a gravidez depois que perdi o contato com você. Não tenho condições de criá-lo. Confio que saberá o que fazer."

Sem assinatura. Sem mais explicações.

O choro do bebê aumentava a cada segundo. Dominic, embora com o rosto impassível, sentia uma verdadeira tempestade se formar por dentro.

— A reunião acabou — disse em tom seco. — Agora.

Todos se levantaram e deixaram a sala em silêncio absoluto.

Dominic permaneceu parado diante do bebê ainda nos braços de Nina. Seu olhar era gélido.

— Isso só pode ser um pesadelo.

A pele estava úmida de suor. Afrouxou a gravata e desabotoou o colarinho da camisa. Não havia palavras para o que acabara de ler — e se recusava a acreditar em uma só delas.

— Senhor… o que o senhor vai fazer com ele? — Perguntou Nina em voz baixa.

Dominic passou a mão pelo rosto, inspirando profundamente.

— Nina... leve esse bebê daqui.

— Levar para onde? — retrucou, surpresa. — O senhor quer que eu o leve para casa?

— Pode ficar com ele, se quiser.

— Eu? Não posso. Já tenho dois filhos. Isso está completamente fora de questão.

Dominic arqueou as sobrancelhas, impaciente.

— Mais um não vai fazer diferença.

— Vai, sim, senhor. E se essa criança é realmente seu filho… então é você quem deve cuidar.

— Essa criatura não é meu filho — disse com firmeza.

O bebê soltou um choro suave, que rapidamente se transformou num grito agudo.

— Faça alguma coisa! — Gritou Dominic para Nina.

— O que exatamente o senhor quer que eu faça? Ele é seu filho!

Furioso, Dominic apertou o botão do interfone.

— Olivia! Sala de conferências, agora!

Segundos depois, a secretária de Lucca — seu melhor amigo e sócio — entrou correndo.

— Senhor, o que houve?

— Faça algo sobre isso — ordenou, apontando para o bebê no colo de Nina.

— Oun… que fofura. Qual o nome dele?

— Noah — respondeu Dominic, irritado, enquanto o choro do bebê começava a diminuir.

— De quem é o bebê? — Olivia quis saber.

— De acordo com esta carta, é filho do Dominic — respondeu Nina, entregando a carta à secretária.

— Pela última vez: ele não é meu filho! Isso é algum tipo de golpe!

— Ele provavelmente precisa ser trocado. Me dá ele aqui, Nina — disse Olivia, com calma.

Ela pegou o bebê nos braços.

— Você vai trocá-lo na mesa de conferência?! — Dominic exclamou, escandalizado.

— Sim. Não vou colocá-lo no chão. É melhor vir aqui, Sr. De Santis, e observar... já que é você quem vai levá-lo para casa.

— Eu não vou levar esse bebê para casa comigo. Você está louca?

— Então o que o senhor pretende fazer?

— Leve-o para casa. Você parece saber lidar com bebês.

— Sr. De Santis, as coisas não funcionam assim. Simplesmente deixar com outra pessoa não é uma solução — disse Olivia com firmeza.

— Eu já disse isso a ele, Olivia — completou Nina. — Ele até me ofereceu o bebê.

Depois de trocar a fralda de Noah ali mesmo, Olivia o pegou no colo e se aproximou de Dominic para entregá-lo.

Ele recuou imediatamente, levantando as mãos como se ela carregasse uma bomba.

— Eu não cuido de crianças. Nunca cuidei de bebês.

— Bom, então comece a aprender, vai precisar providenciar o básico: mamadeiras, fraldas, roupas — disse Olivia. — O senhor é um homem inteligente, vai descobrir como cuidar do seu filho.

— Ligue para o serviço de assistência social ou qualquer órgão responsável e traga alguém aqui imediatamente. Até lá, ele é problema seu, Olivia. Estou indo para o meu escritório.

Sem esperar resposta, Dominic ajeitou a gravata e saiu da sala de conferências. Caminhou com passos duros até seu escritório, entrou e bateu a porta com força.

Sentou-se atrás da mesa, jogando-se na cadeira como se o mundo tivesse desabado. Recostou-se, fechou os olhos e esfregou o rosto com as mãos, tentando entender como sua vida — tão perfeitamente organizada — havia sido invadida por um bebê... supostamente seu.

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