3. Noite de Estreia.

O ponteiro do relógio marcava exatamente oito horas da noite quando Dominic De Santis encerrou sua última reunião do dia. Exausto e visivelmente irritado, ele desligou o notebook com um clique seco, pegou o celular, as chaves do carro e seguiu pelo extenso corredor envidraçado do décimo oitavo andar da sede da D&S Corporation, em direção ao elevador. Queria apenas chegar em casa, tomar um banho quente e esquecer do caos que havia invadido sua vida nas últimas vinte e quatro horas.

Com licença, Sr. De Santis! — A voz firme de Nina ecoou atrás dele, cortando o silêncio do corredor.

Dominic girou nos calcanhares, com os olhos já revirando. A assistente pessoal estava parada a alguns metros de distância, segurando uma cadeirinha de bebê com o pequeno Noah dormindo tranquilamente dentro dela.

— Está esquecendo de algo — disse ela com um leve sorriso no rosto, claramente se divertindo com a situação.

Ele soltou um suspiro impaciente e caminhou até ela, pegando a cadeirinha com um cuidado quase mecânico.

— Olivia providenciou essa como provisória — explicou Nina, entregando também uma folha dobrada. — Aqui está a lista com os itens básicos que o senhor precisa comprar hoje mesmo. Fraldas, mamadeiras, lenços umedecidos, roupas… enfim, tudo o que um bebê precisa.

— Sério isso, Nina? Por que não me deu essa lista mais cedo? Ou melhor, por que vocês mesmas não compraram isso e me passaram a conta depois?

— Porque achamos melhor o senhor mesmo fazer isso. Vai ser bom para o senhor… se envolver — disse ela com um sorriso forçado.

— Estou com uma vontade enorme de demiti-la agora mesmo — retrucou Dominic, cerrando os olhos para ela assim que o elevador apitou e as portas se abriram.

— Boa sorte, senhor — respondeu Nina com um sorrisinho debochado, cruzando os braços enquanto ele entrava no elevador com o bebê.

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Chegando ao estacionamento, Dominic abriu a porta traseira do carro esportivo preto e, com certa dificuldade, acomodou a cadeirinha. O suor já lhe escorria pela testa quando ouviu passos se aproximando rapidamente.

Dominic! — chamou uma voz animada.

Ele se virou e viu Lucca, seu amigo e sócio, aproximando-se com um sorriso largo no rosto.

— Lucca… — disse Dominic em tom desanimado.

— Passei o dia inteiro com os clientes do Brasil, mas já estou sabendo da novidade. Cadê meu sobrinho? — disse Lucca, espiando o interior do carro até encontrar Noah. — Ah, olha ele aí! Quem é o garotão do tio Lucca, hein? Quem é?

O bebê, ao ouvir a voz animada, soltou um leve sorriso. Dominic apenas revirou os olhos.

— Pode ficar com ele, já que gostou tanto.

— Eu sou o titio Lucca, não o pai. Essa responsabilidade é toda sua, meu querido — respondeu ele com uma risada debochada.

— Um bando de falsos ao meu redor — murmurou Dominic, irritado, voltando-se para o carro.

— Ei, só um aviso: toda vez que for sair com o carro, você precisa prender a cadeirinha do jeito certo. Segurança em primeiro lugar, lembra?

— Como diabos faz isso?

Lucca suspirou e mostrou o processo: engatar o cinto, ajustar o suporte, conferir a firmeza. Dominic observava com tédio e desprezo, como se estivesse aprendendo algo totalmente indigno de seu tempo.

— Olha e aprende. Agora você é pai, precisa começar a agir como tal.

— Vai se foder, Lucca.

Ei, nada de xingamentos perto do meu sobrinho! Não é, garotão? — disse Lucca, rindo, e Noah, como se entendesse, sorriu novamente.

— Já acabou, Lucca?

— Já, Dominic. Agora que aprendeu, pode ir. Até amanhã, garotão — disse, acenando para Noah e desaparecendo pelo corredor do estacionamento.

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As luzes da cobertura acenderam com um clique suave quando Dominic empurrou a porta com o ombro. Na mão esquerda, equilibrava a cadeirinha improvisada que Nina havia entregado, enquanto na direita segurava o celular e as chaves do carro. O ambiente era moderno, luxuoso e silencioso — um contraste gritante com a nova presença que ocupava sua vida.

Largou tudo no chão da sala e caminhou direto para o bar. Despejou duas doses generosas de uísque em um copo de cristal e foi até a parede envidraçada da sala. A vista de Manhattan à noite era como uma pintura viva. Luzes dançavam, carros corriam pelas avenidas e o mundo parecia continuar indiferente ao caos que sua vida acabava de se tornar.

Ele deu um gole longo e fechou os olhos. O silêncio durou apenas alguns segundos.

O choro cortante e estridente de Noah explodiu pela sala como uma sirene. Dominic arregalou os olhos, erguendo a cabeça num susto.

— Merda... — murmurou, percebendo que havia deixado o bebê sozinho no hall de entrada.

Largando o copo, correu até a entrada, pegou a cadeirinha e colocou Noah no sofá. O bebê chorava sem parar, o rosto já avermelhado.

— O que você quer agora, hein? — murmurou, claramente perdido. — Fralda? Leite? Sono?

Os gritos aumentavam, desesperados e angustiantes, e Dominic balançava a cadeirinha em desespero.

— Vamos, para de chorar. Qual é o problema? Só me diz o que você quer! — sussurrou, como se o bebê pudesse responder.

Noah não respondeu, claro. Apenas chorava mais.

Sem muita certeza do que estava fazendo, Dominic tirou o bebê da cadeirinha com extremo cuidado, como se segurasse uma bomba prestes a explodir. Os bracinhos de Noah se esticaram, e o choro cessou como mágica assim que ele se aninhou contra o peito de Dominic.

Dominic ficou parado por alguns segundos, como se estivesse congelado. Sentiu o calor do corpinho frágil contra o seu. Era uma sensação desconfortável, completamente fora do seu mundo de controle, poder e decisões rápidas.

Ele nunca tinha segurado um bebê antes. Nunca quis. E agora, ali estava ele, com uma criança em seus braços e um turbilhão de pensamentos na cabeça.

Como isso foi acontecer?

E por que, por mais que eu odeie admitir… não consigo simplesmente abandoná-lo?

Mas, ao mesmo tempo, havia algo ali. Algo silencioso. Algo que apertava seu peito de um jeito que ele não sabia nomear.

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