9. Café amargo e ironias matinais.
O sol mal havia tocado o céu de Manhattan quando Dominic levantou-se com seu costumeiro automatismo. O espelho lhe devolveu o reflexo de um homem impecável: terno sob medida, gravata de seda perfeitamente alinhada, o cabelo arrumado como se o vento jamais ousasse desafiá-lo. Porém, por dentro, havia o habitual turbilhão mascarado de controle. Seu olhar firme escondia noites mal dormidas e pensamentos que insistiam em desobedecer a lógica que tanto prezava.
No andar de cima da cobertura, uma cena bem diferente se desenrolava.
Leslie já estava desperta há algum tempo. Curiosamente, ela também dormira bem, talvez pela primeira vez em semanas. O colchão macio, o silêncio do apartamento luxuoso e, principalmente, a sensação de ter feito a coisa certa ao cuidar de Noah pareciam ter aquecido seu coração. Ao seu lado, o menino repousara a noite inteira com serenidade, como se a presença dela lhe trouxesse um conforto que ele há muito desconhecia. Temendo que o pequeno, ainda inquieto e cheio