As noites haviam se tornado labirintos para Miguel. Desde o dia em que a Fratura fora selada temporariamente, desde que os quatro portadores enfrentaram as forças do véu, seu sono deixara de ser um refúgio. Agora, era um campo de batalha onde as regras da realidade se dissolviam e os ecos do que ainda estava por vir se manifestavam.
Naquela noite, o quarto estava escuro, silencioso, exceto pelo som de sua respiração. Clara, a luz da lua atravessava as frestas da janela e desenhava linhas trêmulas no chão. Miguel já não dormia como antes. Tinha medo do que podia encontrar do outro lado dos olhos fechados. Mas não era algo que pudesse evitar. Quando o sono o alcançava, ele era puxado com força.
E foi assim que, mais uma vez, ele caiu.
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Estava num campo de ossos. Milhares deles, espalhados como sementes num solo estéril. O céu era vermelho, como se sangrasse lágrimas de fogo. No horizonte, silhuetas de cidades desfeitas ondulavam como miragens. E no centro, uma árvore negra. Seus galh