A cidade desfeita pela guerra parecia suspensa no tempo. Telhados partidos, ruas cobertas de poeira e ecos de gritos que pareciam ter sido arrancados da própria alma do mundo. Miguel caminhava por entre os escombros com um silêncio sepulcral nos olhos, como se cada passo o levasse mais fundo nas feridas ainda abertas da realidade.
Ao seu lado, Valéria mantinha a espada embainhada, mas os dedos trêmulos a denunciavam. As cicatrizes em seu braço pulsavam em tons escuros, como se ainda quisessem falar. Desde o confronto com o terceiro portador, algo nela havia mudado. Mais do que dor, era como se tivesse sido marcada por uma verdade que ainda não ousava compartilhar.
— Aqui não é só destruição — murmurou Léo, examinando uma parede coberta de símbolos arcanos. — Essa cidade... ela foi deixada como aviso.
Mateo se abaixou ao lado de uma criança petrificada em pedra. Uma estátua perfeita, com os olhos arregalados e a boca entreaberta em um grito silencioso.
— Ou como testemunho — completou.