A névoa naquela manhã não era apenas clima. Ela parecia sussurrar.
Miguel caminhava pela antiga estação abandonada na periferia da cidade. A missão era clara: encontrar o espírito de uma mulher desaparecida há mais de trinta anos — uma professora chamada Helena, cuja presença havia sido sentida por moradores e caçadores de fantasmas. Mas algo naquele caso era diferente. Não era apenas um espírito perdido. Era como se algo estivesse tentando calar sua história.
Valéria o acompanhava. Desde o fim da batalha contra o Véu, ela se tornara não apenas uma aliada, mas também sua âncora. Juntos, haviam enfrentado mais do que qualquer humano seria capaz de suportar.
— A atmosfera aqui está densa — comentou Valéria, tocando a parede mofada do túnel. — Como se o próprio tempo se recusasse a seguir.
Miguel assentiu. Seu olhar se voltava para as pichações antigas, rabiscos que emitiam uma energia estranha.
— Estão em línguas mortas — sussurrou. — Ou quase mortas.
Os dois avançaram pelos trilhos inu