Miguel vinha tendo o mesmo sonho há três noites seguidas.Nele, ouvia batidas. Três toques secos. Sempre vindos de uma caixa de madeira trancada com correntes. A caixa tremia sozinha no escuro, cercada por vozes infantis chorando, pedindo ajuda.Na quarta noite, Miguel acordou suando frio. Mas não estava sozinho.No canto do quarto, sentado com os joelhos junto ao peito, um menino pálido, de olhos fundos e vazios, o observava em silêncio. Suas roupas pareciam antigas, sujas de terra. Havia algo de estranho no modo como sua sombra não acompanhava seus movimentos.“Você ouviu o som também, né?”, perguntou o menino, com voz fraca.“Qual seu nome?”, perguntou Miguel, se aproximando com cuidado.“Não sei mais... Mas me chamavam de... Coisa.”O coração de Miguel apertou.“Quem te chamava assim?”“O homem da casa azul... Ele me colocou na caixa.”Na manhã seguinte, Miguel decidiu investigar. Perguntou por casas azuis no bairro e encontrou uma, velha e semiabandonada, na parte mais antiga da
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