CAPÍTULO 03

O jovem se moveu como uma marionete, sem resistência, indo atrás dela como se não tivesse escolha. Não havia nada no seu olhar, apenas a obediência cega a ela. Eu observava, ainda em silêncio, tentando entender o que estava acontecendo e como eu me encaixava naquele jogo.

Ela não olhou para mim, mas eu soube que estava testando algo maior. Algo que ia além do controle físico ou mental. Ela queria ver o quanto eu tinha realmente de poder dentro de mim.

O jovem seguiu-a sem hesitar, seus passos automáticos, guiados pela força de sua mente subjugada. Eles desapareceram no beco escuro, mas para nós, com nossa visão aprimorada, o cenário parecia tão claro quanto a luz do dia. Era como se a noite não existisse para nós, como se a escuridão fosse apenas um truque do olhar.

Ela se virou para ele e, com um movimento suave, pediu que lhe oferecesse o braço. Ele, sem qualquer resistência, estendeu a mão e, com um sorriso sutil, ela se alimentou. Seus dentes brilharam no breu da noite, afundando-se na carne dele, absorvendo a vida com uma facilidade desconcertante.

Eu fiquei ali, observando, sentindo a sede crescer dentro de mim, uma necessidade primal que há muito não sentia.

O sangue fluía da vítima para ela, e a cada gole, a dor da minha própria sede se intensificava. Eu sabia o que ela estava fazendo, sabia o que estava em jogo, e isso me fazia questionar meus limites.

Ela me olhou enquanto se alimentava, seus olhos vermelhos brilhando, e foi nesse momento que percebi que o desejo estava refletido nos meus próprios olhos.

A necessidade de sangue, a atração irresistível pela vida daquele homem… tudo isso me consumia. Mas eu estava ciente de algo mais. Algo profundo. Uma linha tênue entre o controle e o mostro que habitava em mim.

Ela parecia perceber isso também. Enquanto seus olhos se fixavam nos meus, ela falou, como se soubesse exatamente o que se passava na minha mente…

— Você pode se alimentar se assim desejar.

Eu sabia o que ela queria dizer. Eu podia, sim, me alimentar. Era simples, fácil, e o desejo de ceder era avassalador. Mas algo em mim se rebelava contra a ideia. Não queria tirar a vida daquele homem, não queria me perder nesse momento. A minha humanidade ainda gritava, se recusando a deixar que tudo fosse reduzido a um simples ato de fome.

— Eu… não posso. — Disse, a voz, mais baixa do que eu pretendia. — Não posso tirar a vida dele.

Ela fez uma pausa, observando-me com aqueles olhos penetrantes, como se estivesse vendo além da minha fachada.

— Você não precisa drená-lo, basta apenas parar quando sua garganta não arder mais. Isso é você ter controle sobre seu corpo. — Ela disse, com uma leveza que parecia quase desdenhosa.

Ela ofereceu o braço dele, no qual estava minuto antes em sua boca, o sangue escorrendo por ele. O jovem estava quase imóvel, em completo transe. Ele não parecia sentir dor, não parecia ter qualquer ideia do que estava acontecendo.

E o sangue… o sangue me chamava. Eu poderia facilmente ceder. Mas ela estava me dando a chave, me mostrando que eu não precisava ir até o fim, que o controle não estava em evitar a sede, mas em saber onde parar.

Eu podia sucumbir, seguir o caminho mais fácil e drenar a vida dele, ou eu poderia, finalmente, começar a aprender a me controlar.

Eu fiz o que ela sugeriu, sem pensar duas vezes. Quando a sede começou a diminuir, quando a ardência na minha garganta se acalmou, eu parei. Não foi fácil. A tentação de continuar, de seguir até o fim, era avassaladora.

Mas, naquele momento, eu tomei finalmente o controle. Não drenaria sua vida. Ele continuaria a existir, e com isso, eu entenderia que eu ainda podia controlar minha sede, que poderia ser mais do que apenas uma besta à mercê do desejo.

Depois daquele dia, minha vida mudou completamente. A vampira, que eu soubera se chamar Catarine, me ensinou tudo o que eu precisava saber sobre o que era ser um vampiro. Eu estava apenas começando a entender o que significava minha nova existência, mas ela me conduziu por cada passo do processo.

Como usar meus poderes de maneira eficaz, como me disfarçar entre os humanos, como me alimentar sem perder a humanidade, como controlar a própria fome. Ela me mostrou que, apesar de nossa força, nossa velocidade, éramos criaturas voláteis.

Fomos feitos para caçar, mas também éramos frágeis, suscetíveis ao impulso. Precisávamos aprender a nos conter, a não ceder ao caos que poderia surgir em nossas mentes.

Catarine me mostrou os perigos que nos cercavam, aqueles que surgiam tanto dentro de nós quanto no mundo ao nosso redor. Outros vampiros que não tinham controle, caçadores que sabiam da nossa existência, e até outros seres sobrenaturais que viam em nós uma ameaça ou uma oportunidade, mas com esses eu nunca havia cruzado.

O mundo estava em constante movimento, e eu precisaria estar pronto para qualquer coisa. Mas, além de tudo isso, houve algo que, para minha surpresa, foi tão atrativo quanto o próprio sangue para nós. Sexo. Ela me mostrou que, em nossa natureza, havia um desejo insaciável que se estendia além da fome física.

O sexo, em sua forma mais primal e selvagem, era uma força que também alimentava nossa existência. Não era apenas prazer… era uma necessidade, um impulso quase tão forte quanto o desejo de sangue.

Catarine me guiou por isso também, e eu fui tomado por uma mistura de curiosidade e excitação. A ligação entre nós se intensificava a cada lição que ela me passava, e o desejo que surgiu entre nós era inevitável. Era uma forma de conexão tão profunda, algo que eu nunca imaginaria ser possível para um ser como eu.

Com ela, eu comecei a entender não apenas o que significava ser um vampiro, mas também o que significava ser alguém que ainda podia sentir, ainda podia desejar. Eu não estava mais perdido.

Eu estava aprendendo a me tornar mais do que um monstro, mais do que uma criatura do desejo e da fome. Eu estava descobrindo quem eu realmente era, e com Catarine ao meu lado, parecia que o controle sobre minha vida e meus impulsos finalmente estava ao alcance.

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