Os dias passaram, transformando-se em semanas e, depois, em meses. O inverno deu lugar à primavera e, ainda assim, Mathias continuava imóvel, preso em um sono profundo do qual ninguém sabia se ele despertaria.
Seu corpo permanecia ali, mas sua mente parecia estar em algum lugar distante, inalcançável. Eu jamais perdi a esperança. Todos os dias, eu falava com ele. Contava como estava me sentindo, como o tempo parecia mais cruel sem ele ao meu lado.
Relatava meus medos e esperanças, as noites insones, os momentos de solidão esmagadora. E, claro, dei a ele a notícia de que estávamos esperando um bebê. Mas Mathias não reagia. Nada. Nenhum sinal, nenhum movimento. Era como se eu estivesse falando com um fantasma, presa entre a fé e o desespero.
Não era fácil carregar uma nova vida dentro de mim sem poder compartilhar isso com ele. Cada pequeno chute que eu sentia, cada desejo estranho que surgia — tudo era vivido sozinha, ou melhor dizendo, com meus amigos que continuaram ali.
Às vezes, e