Narrado por Bruna
A cidade parecia mais silenciosa naquela manhã. Talvez fosse o efeito do sol filtrando suave pelas janelas do carro, ou talvez fosse só meu coração tentando manter a calma. Eu encarava a rua pela janela, o som do motor baixo, as mãos de Caio firmes no volante. Ele dirigia tranquilo, mas de vez em quando me lançava olhares de cuidado. E isso bastava.
Era estranho como mesmo depois de tudo o que aconteceu — ou talvez por causa disso — eu me sentia mais leve. Como se ter contado tudo, enfim, me devolvesse o direito de respirar sem culpa. Pela primeira vez, eu não estava sozinha naquela estrada.
— Pronta? — ele perguntou quando estacionamos diante da clínica.
Assenti, apertando sua mão.
— Agora estou.
Entramos juntos. A recepcionista sorriu e nos cumprimentou com aquele tom calmo e acolhedor que essas clínicas sempre tentam manter. Mas agora eu não me sentia deslocada. Era como se, ao lado dele, eu tivesse voltado a pertencer a esse lugar.
Sentamos na sala de espera, e C