A madrugada chegou envolta num silêncio denso, quase cúmplice. Clara e Daniel já tinham ido dormir, e eu estava na varanda com outra taça de vinho, fingindo que estava tranquila. Fingindo que meu corpo não pulsava desde o jantar. Fingindo que aquele olhar... aquele maldito olhar de Gabriel não tinha me invadido até os ossos. A brisa noturna bagunçava meus cabelos soltos, e eu fechava os olhos tentando encontrar paz. Mas tudo o que encontrava era ele. O cheiro, o tom da voz, os músculos sob a camisa branca, os olhos escuros que me despiam com mais precisão que qualquer mão. — Você não dorme? — a voz dele me atingiu por trás, como um sussurro direto na espinha. Virei o rosto lentamente. Ele estava ali, parado na porta, com o corpo meio na sombra, meio iluminado pela luz fraca da varanda. O cabelo bagunçado, os pés descalços, a calça de moletom baixa demais na cintura, revelando um pedaço indecente de pele. Quase perdi o ar. — Eu poderia te perguntar o mesmo — respondi, forçando uma n
Ler mais