Passei a mão pelo rosto, exausto. A sala de reuniões estava vazia há horas, mas a sensação de cerco ainda pesava sobre mim. Os jornais de Nova Iorque não falavam de outra coisa além do vazamento, e o nome da Walker vinha sendo arrastado para uma lama que eu não havia escolhido.
A Érika tinha ultrapassado a linha. Eu sabia que ela era ousada, mas dessa vez, não era apenas ousadia era estupidez. Atacar diretamente a Bennet Crown não só colocava Eliza em posição de vítima perante o mercado, como me deixava no papel de cúmplice por omissão.
Peguei o celular e fiquei olhando para o número dela na tela. Minhas mãos hesitaram por um segundo. Era ridículo: eu já tinha enfrentado conselhos hostis, crises internacionais e contratos bilionários em risco. Mas uma ligação para a Eliza ainda tinha o poder de me tirar o chão.
Respirei fundo, apertei “ligar”.
Esperei. Um toque, dois, três. O som abafado da chamada ecoava como um martelo dentro da minha cabeça. No quarto toque, percebi que era inútil.