Estacionei o carro em frente à mansão e, por um instante, fiquei ali, observando a fachada banhada pela luz clara do fim da manhã. Respirei fundo, desliguei o motor e empurrei a porta, sentindo o ar quente do dia contrastar com o frio que me percorria por dentro.
Entrei sem anunciar, como sempre fizera. A casa estava silenciosa, apenas o ruído distante da movimentação dos funcionários ecoava do andar de cima e da cozinha. Encontrei minha mãe na sala, sentada em sua poltrona habitual, um livro aberto sobre o colo, mas o olhar perdido até perceber minha presença.
— Eliza. — disse firme, erguendo o queixo, como se já esperasse por mim.
— Acredito que já saiba o motivo da minha vinda aqui, mãe. — respondi, tirando o casaco leve e me sentando de frente para ela. — Quer conversar em particular ou podemos conversar aqui mesmo?
Ela fechou o livro com calma e pousou-o sobre a mesa de centro.
— Aqui mesmo. Os funcionários estão ocupados, não precisamos de segredos dentro da minha própria casa.