Amelie se afastou da porta, permitindo minha entrada, e dei alguns passos hesitantes pelo apartamento. O ambiente era pequeno, os móveis simples, sem nenhum luxo ou cuidado estético um contraste gritante com tudo que eu sempre conhecera. Um aperto estranho se formou no meu peito.
Meu olhar percorreu cada detalhe: a mesa gasta, os livros empilhados num canto, uma cortina fina demais para bloquear a claridade. Era um espaço de sobrevivência, não de conforto.
— Você não pode pagar um lugar melhor? — deixei escapar, talvez mais ríspida do que pretendia, quando ela fechou a porta atrás de si.
Amelie ergueu o queixo, os olhos faiscando como se eu tivesse tocado exatamente na ferida que ela queria esconder.
— Nem todo mundo nasceu em berço de ouro, Eliza. — respondeu com uma calma ácida, como se cada palavra fosse um lembrete da distância abissal entre nós.
Fiquei em silêncio por um instante, deixando o olhar vagar pelo apartamento apertado, tentando absorver mais do que os móveis gasto