Quando cheguei ao andar da presidência da Bennet Crown, encontrei meu pai ali. Sentado na minha cadeira, atrás da mesa de mogno que, por tanto tempo, foi o trono absoluto dele.
A cena não me surpreendeu. Afinal, aquele lugar foi dele por décadas era quase natural vê-lo ocupar a posição que agora me cabia. Mas, ao mesmo tempo, cada vez que o via ali, tinha a sensação de que ele nunca me deixava esquecer: eu ainda estava vivendo à sombra dele.
— Oi, pai. — cumprimentei, apoiando a bolsa ao lado e me sentando de frente. — Me ligou?
Ele não se moveu, apenas cruzou os dedos sobre a mesa, como fazia quando queria marcar domínio.
— Sim, Eliza. Onde estava? — perguntou, a voz calma demais para ser despretensiosa.
Hesitei. Apenas alguns segundos, mas o suficiente para que ele percebesse.
— Na Walker. — respondi, firme, sem permitir que a pausa denunciasse o peso da confissão.
Os olhos dele se estreitaram. A palavra soou como uma provocação no ar, como se eu tivesse acabado de desafiar o coraçã