Os dias arrastavam-se com uma lentidão quase insuportável. O trabalho na Walker continuava intenso, como sempre, mas havia algo diferente na forma como eu atravessava aquelas horas. A presença de Amélie tornava-se cada vez mais recorrente discretamente eficiente, sempre à disposição.
E, por mais que eu tentasse evitar, cada vez que meus olhos recaíam sobre ela, um reflexo inevitável surgia. Não era sobre quem Amélie era, mas sobre o que ela me lembrava. Havia algo no jeito como corava por qualquer detalhe, no modo quase tímido de organizar meus papéis sobre a mesa, que me fazia pensar na Eliza que um dia eu conheci não a CEO impiedosa da Bennet Crown, mas a mulher doce que ria das minhas ironias e que parecia se perder no rubor sempre que eu a desarmava com um olhar.
Era uma comparação injusta, eu sabia. Amélie não tinha a força, a imponência, nem o peso de um sobrenome que carregava um império. Mas, justamente por isso, talvez fosse impossível não enxergar nela um eco distante daquel