Acordei com uma dor latejante na cabeça, como se o peso do mundo inteiro estivesse sobre ela. A luz que entrava pelas frestas da cortina parecia mil vezes mais clara do que deveria ser — e cada centímetro do meu corpo parecia pesado, estranho, como se eu estivesse flutuando numa névoa densa.
Sentei na cama devagar, tentando me situar. Foi quando senti: o cheiro inconfundível dele.
Aquele perfume amadeirado, discreto, inegavelmente masculino. O tipo de aroma que grudava na pele, na memória… na alma. E então, como se uma alavanca tivesse sido puxada, tudo fez sentido de uma vez só.
Eu não estava em meu apartamento.
Não estava na casa dos meus pais.
Estava… na casa do Nathaniel.
— Merda… — murmurei para mim mesma, levando as mãos ao rosto.
A lembrança da noite anterior começou a retornar em flashes difusos: o vinho, as palavras cortantes, a dor na voz dele, o meu desabafo… o toque gentil quando ele me amparou, o peso do meu corpo escorado no dele… a forma como ele tirou min