Capítulo 17

A noite avançava, e eu observava a Eliza como quem observa um quadro antigo, tentando encontrar novos traços num rosto que eu conhecia tão bem. Ela estava pensativa, o olhar perdido além das janelas amplas da minha cobertura. O silêncio dela não era vazio era denso, carregado de tudo o que não se dizia.

Não precisava perguntar. Eu sabia sobre o que ela estava pensando. Ou melhor… sobre quem.

Nós dois.

Quando éramos casados.

Em tudo que poderia ter sido diferente.

Em como eu poderia ter sido diferente.

Me perguntei se, em algum lugar dentro dela, ainda existia espaço para o perdão. Ou se eu já estava marcado demais para ser redimido. Será que ela me perdoaria pelas noites em que voltei tarde, com o cheiro de outra mulher impregnado na camisa?

Pelos jantares que cancelei, pelas conversas que interrompi, pelas carícias que neguei?

Pelo simples fato de tê-la feito se sentir invisível quando, na verdade, ela era a única coisa que me mantinha de pé.

Mas eu a empurrei. Repetidamente
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