A manhã em Nova Iorque estava fria, e o vidro panorâmico do meu escritório refletia a cidade em tons metálicos. Eu ainda segurava uma caneta quando ouvi a porta se abrir.
Meu pai entrou sem anunciar, como sempre fazia, com aquele passo firme e olhar que parecia medir tudo ao redor inclusive a mim.
— Bom dia, Eliza. — disse, ajeitando o relógio no pulso. — Soube que a conferência em Genebra foi um sucesso.
Assenti, sem interromper o movimento da caneta.
— Foi, sim. A Crown se destacou.
— Eu imagino. — respondeu com um tom neutro, antes de pousar o olhar diretamente sobre mim. — E o Walker?
Levantei os olhos, sabendo exatamente aonde ele queria chegar.
— O Nathaniel fez a parte dele.
— A parte dele? — ele repetiu, com ironia discreta. — Ou será que fez mais do que isso?
Deixei a caneta sobre a mesa.
— Se está perguntando se voltamos, sim. Voltamos.
O silêncio que se seguiu foi breve, mas pesado. Ele se recostou na poltrona à frente da minha mesa, cruzando as pernas com a tranquilidad