Kabir entra no quarto com os mesmos aparatos esterilizados que eu, mas seus passos são apressados, quase desesperados. Ele corre até Niyati como se pudesse arrancá-la daquele leito só com o toque das mãos. Vejo o homem desabar. Ele, que é tão forte em tantos momentos, agora está rendido ao se deparar com sua pequena Maharani sedada, pálida, intubada. Ele se ajoelha, beija cada um dos dedinhos dela como se fossem relíquias sagradas, e murmura preces aos deuses entre soluços mal contidos.
O silêncio que se instala entre nós não é vazio, é pesado, espesso, cheio de palavras que não dizemos. Ficamos ali, lado a lado, cada um segurando uma das mãos de nossa filha, como se pudéssemos sustentá-la entre nós dois, num delicado equilíbrio. Então, sinto seu olhar sobre mim. Quente. Acusador.
— A senhora Huxley sabe, não é? — ele pergunta, e a sua voz rouca denuncia o quanto chorou.
— Ela viu a marca de nascença da Niyati — respondo, e vejo suas sobrancelhas se unirem, desconfiadas. — Aquela manc