POV Kabir
Saniya dorme com uma das mãos sobre o meu peito, como se quisesse se manter ali mesmo nos seus sonhos mais profundos.
É a primeira noite em que não há dor entre nós dois. Nenhuma frase entalada, nenhuma sombra pairando sobre o que fomos ou deixamos de ser. É apenas isso: Presença.
O quarto está meio escuro, iluminado apenas pelas luzes da rua filtradas pela cortina. Ela respira devagar, com os lábios entreabertos, o cabelo espalhado no travesseiro e por parte no meu ombro. Sua perna toca a minha com naturalidade, como se sempre tivesse pertencido ali.
E eu a olho. Com calma, com cuidado.
Como quem olha algo raro, algo que quase perdeu para sempre.
Os cílios dela são longos, meio bagunçados. Há uma pequena pinta na bochecha esquerda que eu nunca tinha notado. E quando ela suspira, um leve sorriso involuntário se forma em seus lábios carnudos. Como se a paz finalmente tivesse encontrado abrigo em nós dois.
Me pego sorrindo também. Um sorriso discreto, íntimo, involuntário.
E e