POV Kali
As cortinas estavam entreabertas, deixando a luz do fim da tarde pintar o quarto com aquele dourado suave que Bennet dizia que parecia “luz de cinema”. O ventilador girava devagar no teto, como se até o tempo soubesse que não podia mais correr.
Eu estava sentada ao lado da cama, com minha mão repousando na dele. Sua pele, antes tão cheia de vida, agora estava fina como papel, manchada, mas ainda quente. Era um calor frágil, frágil demais... Quase se apagando, mas presente.
Ele me olha com os olhos fundos, mas ainda brilhantes.
ㅡ Você lembra como me conheceu? ㅡ ele sussurrou.
Sorrio, saudosa com essa lembrança.
ㅡ É claro que lembro. Você estava correndo feito um doido, e esbarrou com força total em mim. Era Holi... ㅡ suspiro, sentindo um aperto no peito ㅡ Nunca esqueci esse dia, e nunca esquecerei.
Ele sorri, fraco, mas verdadeiro. Depois, fica em completo silêncio por longos minutos, e eu sei que ele quer dizer mais alguma coisa.
ㅡ Eu não tenho medo de morrer. ㅡ sussurra nova