Amélia
Amélia acordou com o corpo pesado, como se mil pedras estivessem empilhadas sobre seus ossos. Cada músculo latejava de exaustão, e os olhos ardiam ao abrirem para o teto escuro daquele quarto que ela já conhecia como se fosse sua cela.
O mesmo teto. As mesmas paredes frias. A mesma cama arrumada por mãos que não eram as dela.
Ele queria fazer ela pensar que era confortável, como se tivesse na sua casa, mas tudo que Amélia via era triste e solidão.
E o mesmo silêncio aterrador.
Ela virou o rosto lentamente e viu a bandeja com o copo de suco que Sergei deixava todos os dias. Já fazia dias — talvez semanas — que ela parara de beber. Desde aquela noite, aquela terrível noite, ele também não insistia para ela beber, mas Sergei andava muito sombrio, além do normal.
Ela abraçou os próprios joelhos, sentindo o peso da barriga que já começava a crescer. Aquela pequena saliência era a única coisa que ainda pulsava com verdade dentro dela. O mundo podia estar desabando, mas aquela c