Amélia não lembrava da última vez em que se sentira tão sufocada. A mansão Sokolov, que sempre lhe passara segurança, agora parecia uma prisão dourada. Cada corredor, cada sala, cada olhar de Maxim era como um lembrete daquilo que ela tentava enterrar, mas que não a deixava em paz.
O beijo.
Maldito beijo.
Ela o revivia em detalhes. O puxão brusco no braço, a força masculina que a envolveu, o calor repentino quando os lábios de Giovanni esmagaram os seus. Amélia lembrava do choque inicial, da raiva, mas também lembrava da fraqueza. Por um instante, permitiu. Não reagiu de imediato. Não empurrou. Por segundos que pareciam eternos, ela cedeu.
Era essa lembrança que a fazia se odiar.
“Como você pôde, Amélia?”, repetia para si mesma ao encarar o próprio reflexo no espelho do quarto. “Você é esposa de Maxim. A mãe do filho dele. A dama de ferro. E deixou um estranho te tocar…”
Os olhos se enchiam de lágrimas, mas ela as engolia. Choros não mudariam o passado.
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Maxim não desconfiava — ou