O ar que Gabriel puxou para os pulmões pareceu se transformar em vidro moído. Aquele olhar trocado com o motorista da van não durou mais que um segundo, mas foi o suficiente para reescrever todas as regras doentias daquele jogo. O substituto sabia. Ele não sabia o quê, mas sabia que Gabriel, o homem que acabara de sair da galeria, estava conectado a Lara. E no mundo deles, conexões eram sinônimo de fraqueza. Eram alavancas. Eram iscas.
O instinto de Gabriel, forjado em uma dúzia de cidades e contratos sangrentos, assumiu o controle. Ele não correu. Não olhou para trás. Apenas continuou andando com o mesmo passo calmo, o quadro recém-comprado debaixo do braço como o álibi mais frágil do mundo. Ele virou na primeira esquina, o coração martelando contra as costelas como um prisioneiro tentando escapar.
Usou o reflexo da vitrine de uma padaria para vigiar a rua. A van branca não o seguiu. Pior. Ela continuou seu caminho, lenta e deliberada. O substituto não era amador. Ele não iria se exp