A fuga da mansão no Morumbi foi uma corrida cega pela escuridão. Marina dirigia, as mãos brancas agarradas ao volante, os olhos fixos na estrada, mas a mente ainda presa no salão de baile inundado. Lara, no banco do passageiro, tremia incontrolavelmente, o corpo finalmente cedendo ao choque e à adrenalina. No banco de trás, Gabriel era uma estátua de vigilância, os olhos varrendo as ruas vazias, procurando por faróis que não deveriam estar ali, por sombras que se moviam rápido demais.
Eles não falaram. O que havia para ser dito? Tinham entrado no covil do dragão, olhado em seus olhos, e escapado por um triz. A vitória tinha o gosto amargo das cinzas.
Retornaram ao apartamento no Brás como fantasmas voltando ao seu túmulo. O lugar, que antes parecera um esconderijo apertado e sujo, agora se sentia como o único porto seguro em um mundo que queria afogá-los. Assim que a porta foi trancada, a força que os mantivera de pé durante a crise começou a se esvair.
Marina foi a primeira a quebrar