O beijo deveria ter sido um começo. Em vez disso, foi um epílogo. O calor que floresceu entre Gabriel e Lara no meio do caos foi instantaneamente congelado pela voz do Dr. Monteiro. A traição de Leônidas foi uma bomba de nêutrons, que não destruiu o pequeno apartamento, mas aniquilou a frágil esperança que havia nascido ali dentro.

Gabriel desligou o telefone. Seus olhos encontraram os de Lara. Neles, ele não viu a mulher que o beijara segundos atrás. Viu as ruínas de uma filha que acabara de descobrir que seu pai a vendera para salvar a própria pele. O choque no rosto dela deu lugar a algo que o assustou mais do que qualquer arma: um vazio gelado. A dor era tão profunda que havia se transformado em sua ausência.

— Ele escolheu — ela disse, a voz monótona, desprovida de qualquer emoção. — Ele sempre escolhe o poder.

Marina, que observara a cena em um silêncio horrorizado, correu para o lado da amiga.

— Lara, eu sinto muito...

Mas Lara não parecia ouvi-la. Seus olhos estavam fixos em G