O som da respiração dele atravessou a linha antes mesmo que eu conseguisse falar.
Não era pressa.
Não era raiva.
Era algo mais profundo.
Algo perigoso.
— Você atendeu — Kael disse, sem tentar mascarar a satisfação na voz.
Meu coração pulou no peito.
— Eu não ia fugir pra sempre — respondi, tentando manter firmeza.
— Ainda bem — ele murmurou. — Porque fugir… nunca foi a sua natureza.
Engoli seco.
— O que você quer, Kael?
Houve uma pausa — e eu quase pude sentir o jeito que ele passava a mão pelos cabelos ou respirava fundo enquanto tentava escolher as palavras.
— Quero que você venha — disse enfim. — Mas não porque pedi. Não porque Leon falou algo. Não porque está confusa.
— Então… por quê? — sussurrei.
A voz dele baixou, rouca, real.
— Porque você sente.
Porque você pensa em mim quando tenta esquecer.
Porque, mesmo quando nega, seu corpo reage quando estou perto.
Fechei os olhos.
— Isso não é justo — murmurei.
— Não — ele concordou. — Não é. Mas nenhuma parte disso